Todos os Problemas se Dissiparam
(...) esta melancolia sombria, acumulada em mim por um pensamento constante, um pensamento muito acima do meu alcance: que tudo na vida não tem importância.
Sim, este pensamento ocupa-me há já muito tempo, mas a convicção completa só apareceu em mim, no ano passado. Tudo é sem importância, eis a verdade. Existirá o mundo? Ou não haverá nada em nenhuma parte? E tive a revelação de que não há nada à minha volta. Parecia-me, no entanto, que até essa altura estive rodeado por seres estranhos a mim, mas compreendi que eram aparências infrutíferas. Nada existiu, nada existe, nada existirá. Deixei logo de me irritar com os outros e de me ocupar deles. Palavra! Até chocava com os transeuntes, de tão alheado que estava. Contudo, alheado por quê? Tinha deixado de pensar. Tudo me era indiferente. Ainda se eu procurasse resolver os grandes problemas! Eu não resolvia nada, os problemas bloqueavam-me em vão; tudo se tornou para mim sem importância, e todos os problemas se dissiparam.
Fiodor Dostoievski, in 'O Sonho de um Homem Ridículo'
terça-feira, 7 de julho de 2009
Às vezes eu tenho a visão de um mundo de seres humanos felizes,
vigorosos, inteligentes, nenhum opressor, nenhum oprimido.
A humanidade inteira é uma única família,
e podemos ser todos felizes ou todos miseráveis.
Passou o tempo em que podia existir uma minoria feliz
vivendo sobre a miséria da grande maioria.
Isto se foi para sempre.
As pessoas não o aceitam mais; por isso devemos aprender
a tolerar a felicidade do próximo.
BERTRAND RUSSELL
vigorosos, inteligentes, nenhum opressor, nenhum oprimido.
A humanidade inteira é uma única família,
e podemos ser todos felizes ou todos miseráveis.
Passou o tempo em que podia existir uma minoria feliz
vivendo sobre a miséria da grande maioria.
Isto se foi para sempre.
As pessoas não o aceitam mais; por isso devemos aprender
a tolerar a felicidade do próximo.
BERTRAND RUSSELL
Sem Privação Não Há Felicidade
Sem Privação Não Há Felicidade
O animal humano, como os outros animais, está adaptado para uma certa luta pela vida e quando, graças à sua riqueza, o homo sapiens pode satisfazer todos os desejos sem esforço, a simples ausência do esforço na sua vida afasta dele um elemento essencial de felicidade.
O homem que adquire facilmente as coisas pelas quais sente apenas um desejo moderado, conclui que a realização do desejo não dá felicidade.
Se tem disposição para a filosofia, conclui que a vida humana é essencialmente desprezível, pois o homem que tem tudo o que precisa ainda assim é infeliz.
Esquece-se de que privar-se dalgumas coisas que precisa é parte indispensável da felicidade.
Bertrand Russell, in "A Conquista da Felicidade"
O animal humano, como os outros animais, está adaptado para uma certa luta pela vida e quando, graças à sua riqueza, o homo sapiens pode satisfazer todos os desejos sem esforço, a simples ausência do esforço na sua vida afasta dele um elemento essencial de felicidade.
O homem que adquire facilmente as coisas pelas quais sente apenas um desejo moderado, conclui que a realização do desejo não dá felicidade.
Se tem disposição para a filosofia, conclui que a vida humana é essencialmente desprezível, pois o homem que tem tudo o que precisa ainda assim é infeliz.
Esquece-se de que privar-se dalgumas coisas que precisa é parte indispensável da felicidade.
Bertrand Russell, in "A Conquista da Felicidade"
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Sobre as memórias
"Alma" é o nome do lugar onde se encontram esses pedaços
perdidos de nós mesmos. São partes do nosso corpo, como
as pernas, os braços, o coração. Circulam em nosso sangue,
estão misturadas com os nossos músculos.Quando elas
aparecem o corpo se comove, ri, chora...
Para que servem elas? Para nada. Não são ferramentas.
Não podem ser usadas. São inúteis. Elas aparecem por causa
da saudade. A alma é movida à saudade. A alma não tem o
menor interesse no futuro. A saudade é uma coisa que fica
andando pelo tempo passado à procura de pedaços de nós
mesmos que se perdem"
Rubem Alves
"Alma" é o nome do lugar onde se encontram esses pedaços
perdidos de nós mesmos. São partes do nosso corpo, como
as pernas, os braços, o coração. Circulam em nosso sangue,
estão misturadas com os nossos músculos.Quando elas
aparecem o corpo se comove, ri, chora...
Para que servem elas? Para nada. Não são ferramentas.
Não podem ser usadas. São inúteis. Elas aparecem por causa
da saudade. A alma é movida à saudade. A alma não tem o
menor interesse no futuro. A saudade é uma coisa que fica
andando pelo tempo passado à procura de pedaços de nós
mesmos que se perdem"
Rubem Alves
Faze tu mesmo, o teu próprio Universo
Faze tu mesmo, o teu próprio Universo,
- tua terra
- teu céu
- tua vida
- teu verso...
E o Universo dos homens que te importa então?
Sê louco!... Que a loucura é essa subida
de pequenez restrita da verdade
à grandeza infinita da Ilusão!
(J G de Araujo Jorge)
- tua terra
- teu céu
- tua vida
- teu verso...
E o Universo dos homens que te importa então?
Sê louco!... Que a loucura é essa subida
de pequenez restrita da verdade
à grandeza infinita da Ilusão!
(J G de Araujo Jorge)
Quanto a meus filhos, o nascimento deles não foi casual. Eu quis ser mãe. Os dois meninos estão aqui, ao meu lado. Eu me orgulho deles, eu me renovo neles, eu acompanho seus sofrimentos e angústias. Sei que um dia abrirão as asas para o vôo necessário, e eu ficarei sozinha. Quando eu ficar sozinha, estarei seguindo o destino de todas as mulheres."
(CLARICE LISPECTOR)
(CLARICE LISPECTOR)
Sou romântica
você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso
"....Deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim dum jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver nascer uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso."
Caio Fernando Abreu,Para uma avenca partindo In:"O Ovo Apunhalado"
Caio Fernando Abreu,Para uma avenca partindo In:"O Ovo Apunhalado"
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Janela pra vida
Vem comigo.
Vamos abrir a janela pra vida.
Raios de sol a nos aquecer.
Perfume de flores,
rosas, dálias,violetas multicores
a nos embebedar de prazer.
Vem comigo.
se deitar na areia do mar,
maresia, brisa de saudade
sal a se misturar.
Ah! vem,
que o dia se anuncia,
naturalmente lindo.
Esplendor e fascínio
Vem que a
natureza desperta,
Vem e vê quanta beleza.
vylmaguymaraes
Carrega-me contigo
Carrega-me contigo, Pássaro-Poesia
Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível
Porque de barro e palha tem sido esta viagem
Que faço a sós comigo. Isenta de traçado
Ou de complicada geografia, sem nenhuma bagagem
Hei de levar apenas a vertigem e a fé:
Para teu corpo de luz, dois fardos breves.
Deixarei palavras e cantigas. E movediças
Embaçadas vias de Ilusão.
Não cantei cotidianos. Só te cantei a ti
Pássaro-Poesia
E a paisagem limite: o fosso, o extremo
A convulsão do Homem.
Carrega-me contigo.
No Amanhã.
HILDA HILST
Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível
Porque de barro e palha tem sido esta viagem
Que faço a sós comigo. Isenta de traçado
Ou de complicada geografia, sem nenhuma bagagem
Hei de levar apenas a vertigem e a fé:
Para teu corpo de luz, dois fardos breves.
Deixarei palavras e cantigas. E movediças
Embaçadas vias de Ilusão.
Não cantei cotidianos. Só te cantei a ti
Pássaro-Poesia
E a paisagem limite: o fosso, o extremo
A convulsão do Homem.
Carrega-me contigo.
No Amanhã.
HILDA HILST
Eterno
Eterno
Sou o perfeito imperfeito,
de imperfeições e que sei.
Mas, se me deres teu corpo,
perfeito me tornarei.
Penso por vezes na morte,
pois sou mortal, morrerei.
Mas, se me deres a boca,
nela ressuscitarei.
Mesmo, porém, nessa boca
- ai de mim! que bem o sei-
o travo da areia amarga
punge em meu beijo de rei.
- Capitão, foi na tua alma
que a perfeição encontrei.
Capitão, da-me tua alma:
para sempre viverei.
Odylo Costa Filho
Venho de Tempos Antigos
Venho de Tempos Antigos
Deus pode ser a grande noite escura
E de sobremesa
O flambante sorvete de cereja.
Deus: Uma superfície de gelo ancorada no riso.
Venho de tempos antigos. Nomes extensos:
Vaz Cardoso, Almeida Prado
Dubayelle Hilst... eventos.
Venho de tuas raízes, sopros de ti.
E amo-te lassa agora, sangue, vinho
Taças irreais corroídas de tempo.
Amo-te como se houvesse o mais e o descaminho.
Como se pisássemos em avencas
E elas gritassem, vítimas de nós dois:
Intemporais, veementes.
Amo-te mínima como quem quer MAIS
Como quem tudo adivinha:
Lobo, lua, raposa e ancestrais.
Dize de mim: És minha.
Hilda Hilst
Tu eras também uma pequena folha
Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Pablo Neruda
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Pablo Neruda
SETE CHAVES
SETE CHAVES
Vamos tomar chá das cinco e eu te conto minha grande história passional, que guardei a sete chaves, e meu coração bate incompassado entre gaufrettes. Conta mais esta história, me aconselhas como um marechal-do-ar fazendo alegoria. Estou tocada pelo fogo. Mais um roman à clé?
Eu nem respondo. Não sou dama nem mulher moderna.
Nem te conheço.
Então:
É daqui que eu tiro versos, desta festa - com arbítrio silencioso e origem que não confesso - como quem apaga seus pecados de seda, seus tres monumentos pátrios, e passa o ponto e as luvas.
Ana Cristina Cesar in A Teus Pés
Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto.
à espera de uma felicidade que não chega nunca.
… à espera de uma felicidade que não chega nunca.
Eles não compreenderiam, ninguém compreenderia.
Eu não compreendia, naqueles dias – você compreende?
- Caio F. Abreu in “Os Dragões não Conhecem o paraíso”.
Eles não compreenderiam, ninguém compreenderia.
Eu não compreendia, naqueles dias – você compreende?
- Caio F. Abreu in “Os Dragões não Conhecem o paraíso”.
Tenho um amor fresco e com gosto de chuva
Tenho um amor fresco e com gosto de chuva
e raios e urgências.
Tenho um amor que me veio pronto,
assim, água que caiu de repente, nuvem
que não passa.
Me escorrem desejos pelo
rosto, pelo corpo.
Um amor susto.
Um amor raio trovão fazendo barulho.
Me bagunça e chove em mim todos os dias.
Caio F. Abreu
e raios e urgências.
Tenho um amor que me veio pronto,
assim, água que caiu de repente, nuvem
que não passa.
Me escorrem desejos pelo
rosto, pelo corpo.
Um amor susto.
Um amor raio trovão fazendo barulho.
Me bagunça e chove em mim todos os dias.
Caio F. Abreu
Tenho uma rosa no peito
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